Joni Mitchell. Both sides now, 2000 |
Um dia daqueles, hum? Bom... Um camarada mais sábio do que eu disse, certa vez: "Às vezes você devora o urso e... bem... às vezes o urso é quem te devora".*Mas... se compadecer é diferente de sentir pena. De querer cuidar. A gente chega em um ponto na vida que compreende que a dor é necessária. E ela até se faz bem-vinda. Aprendi, ou percebi, que sou o lado escuro dessa Lua que me rege. Já muito na vida aconselhei e encobri as pessoas para que elas não passassem vergonha, medo, dor, desespero. Hoje o que posso fazer é me compadecer. E respeitar o processo. Brindar a morte que chega. Morte é transformação.
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Aquele riso rouco que se dá na cena: é, amigo... Tudo isso apenas está começando. Você tem uma longa caminhada pela frente. Aproveite sua jornada, olhe bem o chão que pisa. Talvez um pedaço de pau te ajude a não cair de joelhos... Quem sabe uma lanterna? A noite é escura, a Lua se esconde entre nuvens negras. A luz fraca ilumina seu próximo passo. E o próximo. E o seguinte. Mas jamais o horizonte, isso apenas o Sol.
Mikhail Nesterov. The Hermit, 1889. |
...you said
I am as constant as a northern star
And I said: Constantly in the darkness
Where's that at?
O melhor dessa história é que, só depois de ter escrito, descobri que Joni Mitchell possuía exatamente a cena que imaginei, obra própria, como capa de seu disco.
Quando penso em Saturno, Cronos... O Tempo, que todos temem e se arrepiam... Eu sempre penso em Sam Elliott, com sua voz trovejosa mas terna, com esse sorriso sábio no rosto de quem já presenciou tudo isso e sabe onde vai dar... Tranquilo, despreocupado. Sussurrando palavras sábias, jogando-as ao vento. E indo embora como apareceu: silencioso.
* The Stranger (Sam Elliott). The Big Lebowski, 1998.
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